O Rio depois da pira

E pensar que, há menos de dois meses, Eduardo Paes era entrevistado ao vivo no estúdio do Jornal Nacional. Lá, fazia um balanço da efusivamente bem avaliada Olimpíada durante a animada cobertura. As aparências davam a entender que ali estava um prefeito exitoso: o homem que executou o que nós mesmos duvidávamos ser capazes de realizar.

Mas as chamas olímpicas e paralímpicas apagaram-se. A empolgação arrefeceu-se. A cidade voltou à rotina: governo estadual em calamidade pública, aposentados sem receber, milícias e tráfico cada qual com seus tiroteios, a degradante lista é longa. E eis que tudo isso coincide com o calendário eleitoral. A decisão de quem será o próximo alcaide se dá poucas semanas após o fim do intenso ciclo.

Estamos ainda em meados de outubro e o período olímpico parece uma página virada da história carioca. Afinal, a mais contundente resposta dada nas urnas do primeiro turno foi o afastamento do grupo de Eduardo Paes do poder municipal.

Para além das razões de cunho personalista, estava também em jogo o prosseguimento do projeto olímpico de cidade. Em certa medida, rejeitou-se o resultado de anos do Rio como um grande canteiro de obras. Não por acaso, o candidato Marcelo Crivella tem repetido frequentemente o trocadilho “largado” olímpico. Outro indício para tal suposição está nas listas de propostas dos dois postulantes no segundo turno: ambas contêm um menor número de “novidades”, tendo mais promessas de correção das políticas públicas e obras do antecessor – o Rio terá uma espécie de “prefeito ombudsman”.

Nos dois programas do governo em disputa no segundo turno, há uma grande ausência: um plano urbano alternativo. Alguns indicativos podem ser notados. Por exemplo, o Plano Diretor é um instrumento totalmente negligenciado em qualquer debate no Rio de Janeiro (sua última versão é de 2011). Não o corroboram, nem o questionam. Instrumentos de regulação urbanística não estão na ordem do dia.

Leia na íntegra no site do Estado de São Paulo
http://alias.estadao.com.br/noticias/geral,depois-dos-jogos-rio-tem-desafio-de-afastar-historico-de-segregacao,10000082460