Bienal de Veneza 2016 – Pavilhão Brasileiro – Juntos

curadoria Washington Fajardo
assistência de curadoria Francesco Perrotta-Bosch
expografia Patricia Fendt e Washington Fajardo
montagem Martin Weigert
design gráfico Carla Marins e Mariana Mansur
produção gráfica Ligia Pedra

coordenação geral Emilio Kalil

 

A Casa da Flor é uma arquitetura onírica erguida a partir do sonho de Gabriel Joaquim dos Santos (1892-1985). Filho de um escravo negro com uma índia, este trabalhador das salinas próximas a São Pedro da Aldeia (140 km do Rio de Janeiro) construiu sua casa a partir da coleta de restos e resíduos, os quais ganharam um novo sentido de uso nas paredes da pequena edificação unifamiliar.

O mesmo princípio moveu a arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992) na Casa Valéria Cirell, em São Paulo. Primeira expressiva realização da arquiteta manifestando o que defendia ser o nacional-popular, em oposição ao modernismo hegemônico dos circuitos de debate e da produção arquitetônica na época. Bo Bardi vai se interessar pelo homem simples e popular, identificando signos da cultura negra e sentidos lentamente burilados por fricção e amálgama, por desejo de converter-se em outra coisa: no brasileiro.

A condição marginal das duas construções contém valores que precisam ser “penetrados” para compreensão mais central dos rumos a serem tomados pelo ambiente construído brasileiro. As casas de Gabriel e Lina dançam ENCRUZILHADAS. Semelhantes e distintas, moles e imprecisas, contudo amorosas e generosas na oferta de caminhos para uma felicidade possível, fulgurando dentro da percepção de crise e confusão da atual situação nacional.

Tais ECOS são observados nas últimas três décadas no Brasil, o período da redemocratização: enquanto a prioridade foi dada às agendas econômicas e sociais, a agenda territorial e do planejamento urbano foi incipiente. Identidade negra, centralidades urbanas históricas, acesso à cultura através da arquitetura e de conteúdos de design são os relatos deste pavilhão brasileiro: a busca pelo entendimento do que seria estarmos JUNTOS.

saiba maishttp://goo.gl/sIornF

veja os vídeos de André Vieira, Andrea Testoni e Eduardo Martino (Zuppa Filmes) dos projetos apresentados: https://vimeo.com/album/3977120

 

 

Lutar Ocupar Resistir: as alternativas habitacionais dos movimentos sociais

curador Pedro Rivera
curadores-adjuntos Francesco Perrotta-Bosch e Priscila Coli
pesquisa Axelle Dechelette

exposição no Studio X Rio de Janeiro entre 15 de março e 14 de maio de 2016

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Na virada do milênio, a antiga fábrica de leite CCPL foi ocupada por famílias vindas de favelas próximas ou conjuntos habitacionais distantes daquela área da Zona Norte. Havia lá uma áspera inteligência na implantação de improvisadas instalações e na distribuição das moradias, espaços coletivos, equipamentos sociais e comércio. O que despontava como uma alternativa urbana demandava uma estruturação que nunca ocorreu: o prédio industrial foi demolido, dando lugar a um pouco inspirador conjunto Minha Casa Minha Vida (MCMV).

Em 2001 foi sancionado o Estatuto das Cidades, lei federal que regulamenta a função social da propriedade. Entretanto, tais normativas não se efetivam, escancarando que o problema habitacional e o justo acesso à cidade são questões ainda longe de uma solução. Desde então, as ocupações se espalharam pelo Brasil. Os movimentos sociais de moradia fortaleceram suas ideias e sua organização com processos participativos que, por vezes, envolveram arquitetos e urbanistas.

Enquanto, em grande medida, a discussão pública sobre habitação perdura concentrando seu foco nas favelas e no MCMV, as ocupações emergiram como uma alternativa de moradia coletiva que responde diretamente aos problemas urbanos nacionais. Parte da iniciativa Housing the Majority da rede global Studio-X, a exposição Lutar, Ocupar, Resistir: As Alternativas Habitacionais dos Movimentos Sociais trata deste controverso tema, visando compreender esses processos e como eles podem instruir no planejamento e na construção das urbes.

Nesta exposição apresentamos as entrevistas completas com os líderes Guilherme Boulos (MTST), André de Paula (FIST), Elisete Napoleão e Maria das Lurdes Lopes (MNLM-RJ), revelando estratégias e análises gerais de movimentos. Em seguida, temos as entrevistas com os arquitetos responsáveis por projetos participativos nas ocupações Dandara (Belo Horizonte, MG), Hotel Cambridge (São Paulo, SP), Mariana Crioula (Rio de Janeiro, RJ) e a Comuna Urbana Dom Hélder Câmara (Jandira, SP).

Não é fortuita a priorização do uso de fontes primárias. Pretende-se informar a respeito de ações e métodos de movimentos de habitação popular, de modo a oferecer ao leitor a liberdade e responsabilidade de formular sua própria opinião sobre esta questão latente nas cidades brasileiras.

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Veja mais no site do Studio-X Rio de Janeiro
http://studioxrio.org/pt/events/fight-squat-resist-the-housing-alternatives-of-social-movements

Leia o tabloide com o conteúdo da exposição
https://goo.gl/a7eNH0