Certas mudanças ocorrem na cidade da noite para o dia. Quando saem de casa rumo ao trabalho, muitos paulistanos têm se deparado com o aparecimento repentino de linhas contínuas brancas sobre o asfalto, indicando uma nova faixa exclusiva para ônibus, ou de faixas pintadas em vermelho, que destinam partes de ruas para novas ciclovias. A ênfase na mobilidade, privilegiando o transporte coletivo, demonstra que o modo de gerir o espaço urbano da capital paulista mudou no último ano e meio. E muito se deve ao arquiteto e urbanista Fernando de Mello Franco, secretário municipal de Desenvolvimento Urbano de São Paulo.
O período foi marcado pelos protestos de meados de 2013 que evidenciaram a cidade como pauta central da sociedade. Recém-sancionado, o novo Plano Diretor definiu eixos de estruturação para São Paulo ao induzir o adensamento dos arredores das principais vias de transporte de massa – corredores de ônibus e estações de metrô e trem – com o aumento do gabarito das edificações, incentivo ao uso misto, comércio nos térreos e modos de ocupação dos lotes particulares que levem à criação de espaços públicos mais apropriados. Assim, intenta-se adequar o território, aproximando a moradia do emprego, dessaturando a malha viária dos demorados deslocamentos pendulares dos quais grande parte da população se vê refém no cotidiano. Nesta entrevista, Mello Franco demonstra que compreende seu cargo como posição capaz de arbitrar em favor do interesse coletivo para uma nova estruturação da urbe no porvir. Afinal, certas mudanças não ocorrem na cidade da noite para o dia.
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Leia a entrevista na revista Prumo (junho 2015)
http://www.revistaprumo-dau-puc-rio.com.br/index.php/11-conteudo/20-entrevista-fernando-de-mello-franco