Home Delivery

Monta, desmonta e remonta. Move e remove. Arranja, desarranja e rearranja. Tais ações são próprias a um modo de projetar no qual se estabelece previamente as peças, cujas características e formatos específicos permitem que sejam encaixadas seguindo uma espécie de manual de fabricação. Neste tipo de arquitetura, a construção é sobretudo uma montagem. Tal lógica é similar à da produção de uma fábrica. Não por acaso, o desenvolvimento das casas pré-fabricadas acompanha a evolução da indústria desde o século 19. Foi este o tema da exposição Home Delivery: Fabricating the Modern Dwelling [Casa a Domicílio: Fabricando a Moradia Moderna], feita pelo Museu de Arte Moderna de Nova York, em 2008.

Leia na íntegra na Bamboo 59 (junho 2016)
http://bamboonet.com.br/posts/o-curador-barry-bergdoll-do-moma-reflete-sobre-o-que-a-arquitetura-pre-fabricada-pode-proporcionar

Economia do Espetáculo

Desde a virada do milênio, os star architects e seus icônicos projetos vinham sendo venerados pelo planeta, até a recente onda que redireciona o foco para uma arquitetura de caráter social, na qual o papel do arquiteto é o de melhorar as condições de vida dos que mais necessitam. À primeira vista, essas duas tendências seriam antagônicas, certo? O escritório espanhol SelgasCano emergiu problematizando tais aparentes opostos.

Leia na íntegra na Bamboo 59 (junho 2016)
http://bamboonet.com.br/posts/apesar-de-sua-aparencia-iconica-tal-qual-a-de-edificios-criados-por-star-architects-a-arquitetura-do-escritorio-espanhol-selgascano-e-exemplar-da-contencao-de-meios-a-favor-do-bem-estar-dos-cidadaos

Edifício-rio

Os arredores da cidade de Nova York possuem escapes fundamentais quando se quer apreciar arte e cultura. Desde o segundo semestre de 2015, é preciso adicionar o Grace Farms à lista que inclui os imperdíveis Dia Beacon e Storm King, voltados para a arte contemporânea.

Cerca de uma centena de quilômetros ao norte de Manhattan, a nova instituição cultural chama atenção, por um lado, pelo projeto arquitetônico do celebrado escritório nipônico Sanaa; por outro, por um programa de atividades diverso que propõe, para além do contato do público com obras de arte excepcionais, encontros por meio de palestras, cursos, cerimônias místicas, prática de esportes ou reuniões comunitários.

No Grace Farms, a leve e delicada arquitetura da dupla Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa encontra a bucólica paisagem natural de New Canaan, no estado de Connecticut. A presença da construção é determinada pela sinuosa cobertura que acompanha as declividades da topografia campestre, tal como o Sanaa antecipou no pavilhão temporário da londrina Serpentine Gallery de 2009.

Leia na íntegra na Bamboo 57 (abril 2016)
http://bamboonet.com.br/posts/projeto-do-sanaa-abriga-novo-centro-cultural-proximo-a-nova-york-que-reune-arte-natureza-e-comunidade

O ensinamento africano

Diébédo Francis Kéré desperta um duplo encantamento: por sua história de vida e por sua arquitetura. Nasceu no vilarejo Gando, no interior de Burkina Faso, país com o sexto pior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) dentre todos os membros da ONU. Primogênito do líder da aldeia, foi o único dos irmãos que teve direito a frequentar uma escola – a mais próxima ficava a cerca de 40 quilômetros de distância de sua casa. Para poder fazer o curso superior, foi obrigado a se mudar para muito mais longe: Kéré obteve uma bolsa para estudar arquitetura e engenharia na Universidade Técnica de Berlim, na Alemanha, cidade onde fundou e mantém seu escritório.

A lonjura geográfica não o deixou indiferente à escassez do lugar de origem. Sua expectativa com a profissão era dar um retorno aos tantos conterrâneos que permaneceram no povoado da África Ocidental. Ainda estudante universitário, em 1998, criou uma fundação para captação de recursos para a construção de uma escola primária em Gando. Finalizada em 2001, ela deu às novas gerações a oportunidade que Kéré teve na juventude.

“A arquitetura pode trazer muito para uma comunidade como a minha”, afirma Kéré. “Quando comecei a construir no meu lugar, as pessoas não sabiam o que significava arquitetura. Elas têm seus recursos, mas não sabem como utilizá-los. Então, a arquitetura opera como um chamado de alerta.”

Leia na íntegra na Bamboo 56 (março 2016)
http://bamboonet.com.br/posts/nascido-em-um-lugarejo-sem-eletricidade-ou-agua-tratada-diebedo-francis-kere-cursou-o-ensino-superior-em-berlim-e-se-tornou-um-expoente-exemplar-da-arquitetura-social

Arquitetura para a vida real

Reporting from the Front é um título esclarecedor. Reportar, o termo inicial, exprime o caráter jornalístico que dará o tom da seleção curatorial. Front até poderia ser lido pela índole belicista, contudo, refere-se aos fatos arquitetônicos que acontecem onde faltam recursos – o conflito relacionado à sobrevivência. Marcada para os dias 28 de maio a 27 de novembro, a 15ª Bienal de Arquitetura de Veneza assume a turbulência do mundo atual e pretende expor como a arquitetura se posiciona perante problemas, de fato, reais.

Em seu prólogo, o presidente da Bienal, Paolo Baratta, atentou para o “descompasso entre a arquitetura e a sociedade civil”. A crítica mira a arquitetura do espetáculo, que cria símbolos urbanos e globais de poder e se afasta das necessidades essenciais do ser humano. Nessa leitura, está em risco o reconhecimento da relevância da arquitetura como ciência capaz de dar respostas e soluções para questões prementes, pessoais e coletivas.

Leia na íntegra no anuário 2016 Bamboo (fevereiro 2016)
http://bamboonet.com.br/posts/com-curadoria-do-chileno-alejandro-aravena-a-15a-bienal-de-arquitetura-de-veneza-expoe-solucoes-para-os-problemas-do-mundo-atual

Ação Coletiva

Causou alvoroço no meio artístico inglês o anúncio, em maio, de que um coletivo de arquitetos e designers concorreria ao prêmio Turner, a principal láurea da arte britânica, cujo vencedor, anunciado no dia 7 de dezembro, será agraciado com mais de R$ 140 mil. Nos 31 anos de existência da premiação, nunca uma proposta de natureza arquitetônica tinha sido sequer indicada. Entretanto, como o jurado Alistair Hudson afirmou, “em uma época em que tudo pode ser arte, por que não um conjunto habitacional?”.

Ele se referia ao Granby Four Streets, projeto do coletivo londrino Assemble, composto por 18 pessoas na faixa dos 30 anos. Abandonada pelo poder público na década de 1980, essa área de Liverpool ficou sem vitalidade por anos, depois que famílias e comerciantes desocuparam casas e lojas. A marcha de progressiva degradação reverteu-se nos últimos quatro anos, quando a associação de moradores tomou para si a incumbência de transformar as quatro ruas de Granby.

Desde estão, estão reformando dez residências vazias que antes pertenciam ao munícipio, remodelando espaços públicos e qualificando moradores (a mão-de-obra para essas transformações) e comerciantes (os empreendedores que multiplicarão oportunidades de trabalho a longo prazo). Para colocar tudo isso em prática, era necessária uma equipe que organizasse essas intenções, permanecendo prolongadamente no bairro para conversar com cada morador, treinar trabalhadores e pôr a mão na massa. Esse foi o trabalho do Assemble.

Leia na íntegra na Bamboo 54 (dezembro 2015)
http://bamboonet.com.br/posts/conheca-o-assemble-grupo-de-arquitetos-e-designers-ingleses-que-ao-revitalizar-espacos-urbanos-abandonados-esta-atraindo-os-olhares-da-cena-artistica-europeia

Tijolo por tijolo

A cor terra confere certa homogeneidade a Bogotá, capital da Colômbia. Deixam-se à mostra os tijolos maciços que dão forma a casas e lojas, pequenos edifícios e torres, muros e calçadas. O que poderia sugerir uma rígida unidade é, na verdade, uma multiplicidade harmônica. Os encaixes são tantos e muito distintos: diversos padrões de agrupamentos de tijolos dão origem a paredes planas ou curiosamente curvas, matizadas em uma bela variação tonal do saibro escuro ao mais claro.

Leia na íntegra na Bamboo 54 (dezembro 2015)
http://bamboonet.com.br/posts/um-passeio-pelos-marcos-da-arquitetura-moderna-colombiana-e-a-renovacao-cultural-de-bogota

Por um futuro não genérico

O OMA tem pautado a arquitetura global nas últimas três décadas. Rem Koolhaas, o arquiteto fundador do Office for Metropolitan Architecture, vociferou “fuck context”, descreveu as cidades genéricas e nos atentou para os junkspaces (espaços-lixo) que estão ao nosso redor. Do alto de seus 70 anos, Koolhaas atualmente compartilha o escritório com brilhantes arquitetos, dentre os quais Shohei Shigematsu é o sócio responsável pela sede de Nova York e pelos projetos para a América Latina. Do arquiteto japonês surgem as novas ideias do OMA para os próximos anos, reflexões sobre o papel dos arquitetos, inovações para as cidades, projetos que fogem do genérico. A Bamboo entrevistou Shigematsu para saber o que se realizará no futuro da arquitetura e o que não se realizará no porvir paulistano, isto é, o cancelado projeto do OMA para um edifício de uso misto na zona sul de São Paulo. Apesar disso, como estaremos em 2030?

Leia na íntegra na Bamboo 52 (outubro 2015)
http://bamboonet.com.br/posts/socio-do-oma-shohei-shigematsu-condena-os-edificios-genericos-e-fala-sobre-o-papel-do-arquiteto-em-2030-a-motivacao-para-mudar-o-sistema-nao-esta-so-vinculada-ao-dinheiro-mas-a-melhora-da-vida

Sem medo de ser grande

Bigness é um emblemático artigo que Rem Koolhaas escreveu em 1994 problematizando os efeitos das megaedificações que apareciam pelo mundo. Uma década depois, Bjarke Ingels, ex-funcionário de Koolhaas no OMA, fundou um escritório na Dinamarca com o nome BIG. Quando ele e os sócios lançaram o livro-manifesto (em quadrinhos) intitulado Yes Is More, ficou claro que não havia coincidências fortuitas entre essas nomenclaturas. Superar o motto modernista “less is more”, eternizado por Mies van der Rohe, deixava patente as ambições do BIG, com projetos cada vez maiores, para clientes cada vez mais poderosos, desenvolvidos por cada vez mais sócios (hoje são 12).

Um deles é Kai-Uwe Bergmann, um dos responsáveis pela sede nova-iorquina do BIG. Após passagem pelo Rio em julho, onde foi um dos palestrantes do Rio Academy, ele conversou com a Bamboo. Sua fala consegue articular múltiplas narrativas em voga: da sustentabilidade que cunhou de hedonista, passando pelo respeito às especificidades de cada lugar até o cuidado com a dimensão humana, tudo pragmaticamente inserido em gigantescas arquiteturas. Para o BIG, bigness não parece ser um problema.

Leia na íntegra na Bamboo 51 (setembro 2015)
http://bamboonet.com.br/posts/responsavel-pela-sede-nova-iorquina-do-escritorio-dinamarques-big-kai-uwe-bergmann-conversou-com-a-bamboo-sobre-os-projetos-cada-vez-maiores-desenvolvidos-para-clientes-cada-vez-mais-poderosos

SP/NY

O olhar estrangeiro no Brasil não é novidade em nossa história. Desde o período colonial, conhecemos expedições de intelectuais do exterior em nossas terras. É interessante ver esse ato se renovar no século 21 de uma maneira séria, distinta das imagens superficiais e de índole turística que tantas publicações estrangeiras ainda apresentam. Morador do Brooklyn nova-iorquino, Alexandros Washburn é grande conhecedor da malha urbana de São Paulo. Diretor no Departamento de Planejamento Urbano de Nova York durante a gestão do prefeito Michael Bloomberg (2002-2013), ele concedeu à Bamboo uma entrevista em que sua experiência lá fundamenta seu olhar para cá.

Leia na íntegra na Bamboo 48 (junho 2015)
http://bamboonet.com.br/posts/ex-diretor-no-departamento-de-planejamento-urbano-de-nova-york-alex-washburn-fala-sobre-possiveis-caminhos-para-sao-paulo